Deslizo lentamente
deixando o rastro gosmento
no rejunte dos azulejos
estou sempre entre
carrego nas costas um mundo
em espiral
sem saída pra lugar algum
que não seja
meu próprio centro
ele não pesa mais que uma unha
e transparece encardido
fazendo parecer sujeira
os resquícios dos ares onde passei
Estou sempre entre
o rejunte e os azulejos
No rastro gosmento
deslizo lentamente
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
terça-feira, 19 de abril de 2016
Olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada, triste, feliz, cheia de saudade, amante inexperiente das veias abertas da América Latina e do contorno dos corpos desenhado pelo sol das 18h que entra pelas frestas das portas. De desejos obscenos, obscuros, obsoletos, orgulhosos. Mulher à beira de um ataque de nervos. Sozinha, solitária, sola, só, com você, ele e todos ao redor. Mas ainda a ausência de solidão, de solidez e de sentidos. Sobrancelhas em V mal delineado pelo não desejo de dor, pelo menos sobre os olhos, entre vazios, vírgulas, volumes, variantes, vaidade e válvulas de escape, terceiro olho dividindo a linha de ressaca do mar do olhar no início da montanha pontuda que se mete em tudo que é assunto. Mergulhada na água doce do chá de hibisco, vermelha, cítrica, azeda. No minuto seguinte, tudo ao avesso.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Gengibre
amor pra esquentar
acelera o metabolismo
cura irritação de garganta
que não fala, guarda e inflama
amorna meu peito, gengibre
que ele mesmo no calor do dia
só quer cobertor e cama.
acelera o metabolismo
cura irritação de garganta
que não fala, guarda e inflama
amorna meu peito, gengibre
que ele mesmo no calor do dia
só quer cobertor e cama.
Finda, que linda a tinta de pintar tristeza
Tudo o que tento
não me traz nem sol nem vento
e nesse clima nada ameno
ventilador.
tudo o que faço
foge à solidez e se dilui no espaço
e de tudo o que não vejo
esqueço.
Tudo o que canto
me atravessa a língua e faz ranger os dentes
e tudo o que é som
barulha.
Não enxergo no infinito
nenhum verbo
que não permaneça na ação
de findar.
não me traz nem sol nem vento
e nesse clima nada ameno
ventilador.
tudo o que faço
foge à solidez e se dilui no espaço
e de tudo o que não vejo
esqueço.
Tudo o que canto
me atravessa a língua e faz ranger os dentes
e tudo o que é som
barulha.
Não enxergo no infinito
nenhum verbo
que não permaneça na ação
de findar.
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