terça-feira, 19 de abril de 2016

Olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada, triste, feliz, cheia de saudade, amante inexperiente das veias abertas da América Latina e do contorno dos corpos desenhado pelo sol das 18h que entra pelas frestas das portas. De desejos obscenos, obscuros, obsoletos, orgulhosos. Mulher à beira de um ataque de nervos. Sozinha, solitária, sola, só, com você, ele e todos ao redor. Mas ainda a ausência de solidão, de solidez e de sentidos. Sobrancelhas em V mal delineado pelo não desejo de dor, pelo menos sobre os olhos, entre vazios, vírgulas, volumes, variantes, vaidade e válvulas de escape, terceiro olho dividindo a linha de ressaca do mar do olhar no início da montanha pontuda que se mete em tudo que é assunto. Mergulhada na água doce do chá de hibisco, vermelha, cítrica, azeda. No minuto seguinte, tudo ao avesso.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Gengibre

amor pra esquentar
acelera o metabolismo
cura irritação de garganta
que não fala, guarda e inflama
amorna meu peito, gengibre
que ele mesmo no calor do dia
só quer cobertor e cama.

Finda, que linda a tinta de pintar tristeza

Tudo o que tento
não me traz nem sol nem vento
e nesse clima nada ameno
ventilador.

tudo o que faço
foge à solidez e se dilui no espaço
e de tudo o que não vejo
esqueço.

Tudo o que canto
me atravessa a língua e faz ranger os dentes
e tudo o que é som
barulha.

Não enxergo no infinito
nenhum verbo
que não permaneça na ação
de findar.