Estava
envolta em muita verdade. Era um momento de verdade tão intensa que não pude me
sustentar sozinha e aceitei outros braços: me envolveram por inteiro como se
fechassem meu corpo e as farpas dos olhares alheios não me pudessem atingir,
porque naquele instante todos me olhavam. E como se a força dos braços me
adentrasse a coluna eu me nutria do cóccix ao pescoço enquanto mais fracas ficavam
minhas pernas. E eu, forte pela metade, se fosse solta pelos próximos segundos estaria
então fraca pela metade. Não pude parar e precisei de auxílio, após a ausência,
surpreendentemente os braços continuaram ali, meu tronco com uma força
magnética que me fazia abrir o peito, abrir o peito como se dissesse todos os
sins do mundo. Com o passar do tempo a metade fraqueza ia se transformando em
metade força, e ficava a percepção de que os olhares nunca deixariam de estar
voltados para mim, mas já não me eram estranhos. Aí então eu torcia para que
cada dono daqueles olhares farpados fosse tomado pela mesma verdade absoluta
com a qual tomei contato, que se enchessem aos poucos de força e abrissem o
peito, como se dissessem todos os sins do mundo.
domingo, 19 de maio de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Matança do si mesmo
O centro do estômago se comprime e ela se força a sentir dor. Nela dói muito admitir que não dói. Na verdade ela só queria que o estômago lhe doesse tanto que conseguisse chorar, mas aquilo quase parecia alegria de libertação. A pior parte da não-dor é ter que admiti-la a si mesmo, admitir era então um processo lento de matança do si mesmo, o si mesmo era para ela irreconhecível e, aos poucos, se reconhecia numa espécie de "outro mesmo" inimaginável e, aí, descobriu um modo infalível de se doer: no outro mesmo. Aquele sentimento que lhe era alheio finalmente lhe atingia o estômago.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Sobre a má postura
Enquanto fica aqui comprovada a existência de Deus, me sinto potente ao mesmo tempo que percebo minha ignorância diante de sua ausência. Sua ausência clama a minha atitude,a minha presença, e não sei como agir com o consciente, me vem fora dele uma força que emana da minha juventude, da minha coluna ereta e disposição, e numa espécie de cumulação me sinto, pelo excesso, fraca, minha força é toda expelida pelos olhos, choro e sou consciente: não sei como agir.
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