O centro do estômago se comprime e ela se força a sentir dor. Nela dói muito admitir que não dói. Na verdade ela só queria que o estômago lhe doesse tanto que conseguisse chorar, mas aquilo quase parecia alegria de libertação. A pior parte da não-dor é ter que admiti-la a si mesmo, admitir era então um processo lento de matança do si mesmo, o si mesmo era para ela irreconhecível e, aos poucos, se reconhecia numa espécie de "outro mesmo" inimaginável e, aí, descobriu um modo infalível de se doer: no outro mesmo. Aquele sentimento que lhe era alheio finalmente lhe atingia o estômago.
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