sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O infinito não revela nem esconde

O corpo diz uma coisa, e como que ignorando volta-se à direita, suas pernas e seu tronco querem mostrar-me total desapego mas, sem conseguir um total desvencilhar, sua cabeça se volta para a minha direção . Tudo o mais parece fazer plano de fundo nítido para permitir o justo contraste que não deixará que ele mostre os olhos. Num instante percebo que é todo quase. Quase revelado, quase nítido, quase sorriso, quase olhos, é assim que vejo seu infinito... Aquela “nunca exatidão” me ilude de liberdade, onde só a tenho pela metade. Quase liberdade. Posso imaginar, mas só a outra metade, afinal uma delas já me é dada. Como os membros já estão deveras revelados busco decifrar os olhos e o sorriso, e me perco: o infinito não revela nem esconde.

Um comentário:

Victor Franco disse...

"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos", Guimarães Rosa.

Excelente percepção, parabéns!