segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Das coisas que a gente inventa pra se fingir mais livre

Hoje senti uma irresistível vontade de fumar. Apanhei da minha gaveta uma carteira de Free que estava pela metade e que era propriedade de uma personagem sem nome que eu fui recentemente. Fui pra varanda, eu jamais suportaria o cheiro de cigarro impregnado no meu quarto. Sem motivos pra ter um isqueiro, só tinha um fósforo, e ventava, arrisquei. Eu não senti a primeira tragada, como se estivesse sugando ar puro, treco insosso... num dado momento pareceu fazer muito sentido que fumar fosse coisa de solidão e, enfim, me assumi só. Como se tudo o que a coisa é deixasse num instante de ter gosto de fumaça densa e a pureza me descesse insossa, ela então me desabitava, impregnando-se ao contrário em meus dedos, em meus dentes, em minha língua, em meu cabelo, em minha pele, em minha roupa, em meu quarto...

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