O que agora não me escorre às mãos me escorre aos olhos, e a maçã mordida parece, agora, muito mais suculenta, só depois de mordida, mais disforme e livre para ser maçã mordida mais de uma vez, mas mais do que isso, agora exala parecer que é maçã, agora, só depois de mordida, o fruto vermelho encarnado, inquebrável, envolto em seu próprio estirpe, que é só dele. E na necessidade de ser maçã, outros olhares atravessam sua superfície lisa, vermelha esmaltada, que conservam a incredulidade do resto do mundo, para ver a poupa aguada onde se cravam os dentes, através da casca, quando só esses olhares acreditam, outros olhares... a maçã é algo transparente agora, é algo. Depois de quebrado o feitiço, o encanto, se deliciou no músculo estranho, no espaço oco que também era nada antes dela, e assim, termina triturada como parte de alguém.
19/06/2008 às 11:10h
19/06/2008 às 11:10h
Um comentário:
Ai, a maçã. Fruto proibido, o fruto mais comido.
Sensualidade pura.
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