sábado, 7 de dezembro de 2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Presente sem laço
Enquanto presente, voa com o vento, como a fita de cetim.
E o vento carrega, carrega...
pra outro céu ele a leva
pousa num lugar que desconheço, noutro embrulho,
talvez uma caixa bem bonita.
Se é bem-querer, bem que se quis.
E a querência voou com a fita.
E o vento carrega, carrega...
pra outro céu ele a leva
pousa num lugar que desconheço, noutro embrulho,
talvez uma caixa bem bonita.
Se é bem-querer, bem que se quis.
E a querência voou com a fita.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Concha fechada
Com a parte do corpo que mais gosto você equilibrava a vida em potência. Ela, volta e meia se lhe escapava entre os dedos, e compenetrado você retomava a tentativa de captura. Na tensão do "enquanto" o tempo era suspendido e eu indecisa entre querer que ela caísse e querê-la em minha mão. Quando finalmente se encontrava a centímetros da superfície, você agarrou aliviado e me entregou: depositou em minhas mãos a vida em potência que brilhava em tons de verde e dourado. O brilho externo durou algum sóis, depois apagou, mas sempre que a seguro sinto que minha mão pode ser seu pé, equilibrando a vida em potência que me escapa entre os dedos.
domingo, 29 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Des esperar
Acordei. Depois de ter chovido a noite inteira. Chovi de
lembranças o pensamento, chovi de saudades as lembranças e de desencanto a
espera. Chovi muito desencanto. Insistentemente me espalhando em gotas, decido
num instante que devo parar de pingar. Tudo já está encharcado e devo esperar
secar.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Das coisas que a gente inventa pra se fingir mais livre
Hoje senti uma irresistível vontade de fumar. Apanhei da
minha gaveta uma carteira de Free que estava pela metade e que era propriedade
de uma personagem sem nome que eu fui recentemente. Fui pra varanda, eu jamais
suportaria o cheiro de cigarro impregnado no meu quarto. Sem motivos pra ter um
isqueiro, só tinha um fósforo, e ventava, arrisquei. Eu não senti a primeira
tragada, como se estivesse sugando ar puro, treco insosso... num dado momento
pareceu fazer muito sentido que fumar fosse coisa de solidão e, enfim, me
assumi só. Como se tudo o que a coisa é deixasse num instante de ter gosto de fumaça
densa e a pureza me descesse insossa, ela então me desabitava, impregnando-se
ao contrário em meus dedos, em meus dentes, em minha língua, em meu cabelo, em
minha pele, em minha roupa, em meu quarto...
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
O infinito não revela nem esconde
O corpo diz uma coisa, e como que
ignorando volta-se à direita, suas pernas e seu tronco querem mostrar-me total
desapego mas, sem conseguir um total desvencilhar, sua cabeça se volta para a
minha direção . Tudo o mais parece fazer plano de fundo nítido para permitir o
justo contraste que não deixará que ele mostre os olhos. Num instante percebo
que é todo quase. Quase revelado, quase nítido, quase sorriso, quase olhos, é
assim que vejo seu infinito... Aquela “nunca exatidão” me ilude de liberdade,
onde só a tenho pela metade. Quase liberdade. Posso imaginar, mas só a outra
metade, afinal uma delas já me é dada. Como os membros já estão deveras
revelados busco decifrar os olhos e o sorriso, e me perco: o infinito não
revela nem esconde.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Tudo assistido
Televisionado, assistido,
um olho no teto, outro no chão
um olho no túnel
à espreita, a visão
Rima pobre
Que mostra a pobreza
De dividir o que já me foi pequeno
Uma Íntima fraqueza
Tão íntima
Que eu próprio desconheço
Ignoro, esqueço
E perco o seu apreço.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
1,2,3,2,1
Saí, não consegui dar quatro passos, dei três. No primeiro, saí, no segundo, pensei, no terceiro voltei. Queria ter dado o primeiro ao inverso e não precisar das o segundo, o terceiro, e inversa seria toda a situação, e inverso seria o que é de dentro para fora em pele ao contrário, a sensibilidade apenas externa em carne viva. Não saí, foram três passos de ficar.
domingo, 19 de maio de 2013
El primeiro
Estava
envolta em muita verdade. Era um momento de verdade tão intensa que não pude me
sustentar sozinha e aceitei outros braços: me envolveram por inteiro como se
fechassem meu corpo e as farpas dos olhares alheios não me pudessem atingir,
porque naquele instante todos me olhavam. E como se a força dos braços me
adentrasse a coluna eu me nutria do cóccix ao pescoço enquanto mais fracas ficavam
minhas pernas. E eu, forte pela metade, se fosse solta pelos próximos segundos estaria
então fraca pela metade. Não pude parar e precisei de auxílio, após a ausência,
surpreendentemente os braços continuaram ali, meu tronco com uma força
magnética que me fazia abrir o peito, abrir o peito como se dissesse todos os
sins do mundo. Com o passar do tempo a metade fraqueza ia se transformando em
metade força, e ficava a percepção de que os olhares nunca deixariam de estar
voltados para mim, mas já não me eram estranhos. Aí então eu torcia para que
cada dono daqueles olhares farpados fosse tomado pela mesma verdade absoluta
com a qual tomei contato, que se enchessem aos poucos de força e abrissem o
peito, como se dissessem todos os sins do mundo.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Matança do si mesmo
O centro do estômago se comprime e ela se força a sentir dor. Nela dói muito admitir que não dói. Na verdade ela só queria que o estômago lhe doesse tanto que conseguisse chorar, mas aquilo quase parecia alegria de libertação. A pior parte da não-dor é ter que admiti-la a si mesmo, admitir era então um processo lento de matança do si mesmo, o si mesmo era para ela irreconhecível e, aos poucos, se reconhecia numa espécie de "outro mesmo" inimaginável e, aí, descobriu um modo infalível de se doer: no outro mesmo. Aquele sentimento que lhe era alheio finalmente lhe atingia o estômago.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Sobre a má postura
Enquanto fica aqui comprovada a existência de Deus, me sinto potente ao mesmo tempo que percebo minha ignorância diante de sua ausência. Sua ausência clama a minha atitude,a minha presença, e não sei como agir com o consciente, me vem fora dele uma força que emana da minha juventude, da minha coluna ereta e disposição, e numa espécie de cumulação me sinto, pelo excesso, fraca, minha força é toda expelida pelos olhos, choro e sou consciente: não sei como agir.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Ligeiro e simpático descanso
De dentro de minha rotina de estudos, leituras e dores de cabeça causadas pelo cansaço de vista por tempo prolongado em frente ao computador entro ligeiramente descansada após o almoço pela porta esquerda da biblioteca e dentre duas opções de mesas com tomada sorteio a do lado esquerdo para me sentar. Um livro de ciências biológicas em cima da mesa me impede de acomodar o computador no lugar desejado. Quando penso estar tudo certo vejo um celular em cima da cadeira na qual me sentaria. Tento olhar alguma coisa, mas está desligado. Ligo, não tem bateria. Penso que seria chato perder um objeto pessoal. Saio em silêncio e procuro: "mãe". Mas só tem "mãe da claudia" ou "mãe do paulinho", mãe, mãe mesmo não tem não. Vejo então "Pai tim", e no meio desses planos ilimitados de operadoras arrisco a ligação. Me atende um homem simpátio: "Oi, dudinha!". Explico calmamente que sou a Isabella, e ele agradece desde o início. O tempo se passa, entro denovo em meu cansaço esudantil, vou ao banheiro para meu segundo descanso ligeiro e recebo uma ligação: "Isabel? Aqui é a Eduarda, dona do celular. Como faço pra te encontrar" "Estou de blusa de alcinha listrada de amarelo e azul, uso franja e óculos". Quando volto do banheiro vejo um olhar curioso procurando a Isabella que deu um perdido. "Você é a Isabel?" "sim", "muito obrigada!", e entre dois abraços, um antes e um depois do agradecimento, um "Bons estudos!" e um bombom! E já sento para me cansar novamente.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
As pessoas da biblioteca
Tem a pessoa que tem ataques de tosse
A pessoa que nunca desliga o celular
Tem a pessoa que atende o celular
A pessoa que usa um tamanco de salto 15 e vai buscar livros na sessão 9
Tem a pessoa que não usa computador, mas senta na mesa com tomada
Tem a pessoa que está gripada com coriza e funga sem parar
e tem eu, que quero estudar.
A pessoa que nunca desliga o celular
Tem a pessoa que atende o celular
A pessoa que usa um tamanco de salto 15 e vai buscar livros na sessão 9
Tem a pessoa que não usa computador, mas senta na mesa com tomada
Tem a pessoa que está gripada com coriza e funga sem parar
e tem eu, que quero estudar.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
A saudade
Começa baixinha, puxando pelo pé, levemente, no entanto com muita certeza. Aos poucos, diante da indecisão alheia, torna-se insistente até chegar à arrogância, puxando pelas pernas, pelo braço, quase vence pelo cansaço! Enche o corpo dela de sal e num instante ela, de areia, se converte em mar. No meio de tanto sal enfeita a praia de pranto doce e volta baixinha, puxando pelo pé, levemente, no entanto com muita certeza. Aos poucos, diante da indecisão alheia, torna-se insistente até chegar à arrogância, puxando pelas pernas, pelo braço, quase vence pelo cansaço! Enche o corpo dela de sal e num instante ela, de areia, se converte em mar. No meio de tanto sal enfeita a praia de pranto doce e volta...
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